Trabalhos escolares: manuscrito ou digitado?

Muitas vezes nós professores, passamos por chatos, ignorantes, por não aceitar trabalhos escolares digitados, em plena era da informática, com tantas tecnologias e ferramentas interessantes que os computadores modernos nos apresentam. Mas por que será que há essa preocupação? Objetivo é evitar que, com o uso frequente do computador, no colégio e em casa, os estudantes percam a caligrafia e deixem de atentar para as normas cultas.

O Cronista Francisco José Viegas diz que há um prazer raríssimo na caligrafia, no desenho da letra, na própria escolha da cor da tinta permanente (preto, azul ultramarino, azul escuro, sépia), na preparação do ato propriamente dito: o estojo com as canetas, os blocos ou cadernos. Um dia dirão que é anti-planeta gastar papel nestas coisas.

Algumas pessoas, entretanto, critica exigência de alguns professores, que encara como um retrocesso, já que diz que trabalhos manuscritos serão muito raros no futuro.

Eu portanto, quando em sala de aula, dou ao aluno duas opções: a primeira que ele possa fazer seu trabalho no computador, onde ele poderá contar com a ajuda de corretores ortográficos eletrônicos, e um bom dicionário, aquele velho e tradicional vulgo "pai dos burros", e a segunda opção é antes de entregá-lo, transcrevê-lo à mão para o papel almaço e a caneta, para depois não haver reclamações, por parte do aluno. Tudo isso para que o aluno praticar a caligrafia.

A pesquisadora Cristiane Dias, do Laboratório de Estudos Urbanos da Unicamp, critica a exigência de textos manuscritos. Ela acredita que, no futuro, escrever à mão será muito raro. "Desde que a comunicação passou da oralidade para a escrita, ela foi se modificando. Quando a escrita era a pena, existia um tipo de caligrafia que não existe mais. É possível dizer que perdemos?", diz. "As próximas gerações não vão ter essa preocupação. Para que obrigá-los a voltar para trás?"

Aí fica uma grande preocupação minha e de muitos colégas, os alunos devem ter a letra legível, pois no vestibular, os corretores não vão fazer esforço para entender o que eles escreveram.